Traçando Conexões
João acabara de testemunhar o som da primeira trombeta, que significava o julgamento que caiu sobre o próprio povo de Jesus, que O rejeitou como Messias e Salvador—aqueles que “não O receberam” (João 1:11). Profeticamente, essa primeira trombeta corresponde à destruição de Jerusalém em 70 d.C. Quando João escreveu o livro do Apocalipse, essa profecia já havia sido cumprida. Para contexto, João foi exilado em Patmos durante o reinado do imperador Domiciano (81-96 d.C.) e foi libertado por volta de 96 d.C., sob o imperador Nerva. João compreendeu o princípio de que “o julgamento começa pela casa de Deus” (1 Pedro 4:17).
No verso 7, os termos "árvores" e "erva verde" conectam-se com a expressão "um terço" para simbolizar aqueles dentro da casa de Deus que se opuseram a Ele. Embora a oposição aos seguidores de Jesus fosse generalizada, o julgamento da primeira trombeta não destruiu completamente seu alvo. Ele afetou apenas uma parte da população, "um terço". Isso sugere que ainda havia tempo para responder ao chamado ao arrependimento feito pela trombeta.
Hoje, vamos olhar a segunda trombeta e descobrir uma montanha que caiu no mar, transformando um terço dele em sangue, matando um terço da vida marinha e afetando um terço dos navios no processo.
Visão Detalhada
*** Um grande monte ardendo em fogo ***: Mais uma vez, precisamos pesquisar o Antigo Testamento para podermos entender o simbolismo usado nesse verso. A palavra ‘monte’ é muitas vezes usada para se referir a um reino ou império (Salmo 48:1-2; Salmo 78:68; Isaías 2:2-3; Isaías 13:4; Isaías 31:4; Isaías 41:15; Jeremias 17:1-3; Jeremias 51:24-25; Obadias 8-9; Daniel 2:35, 44). O reino mencionado em Apocalipse 8:8 não é qualquer reino. É um reino específico. Um que, não somente queimou com fogo, mas foi também lançado no mar. Assim, temos dois outros elementos que irão nos ajudar a identificar essa montanha ou império. O livro de Jeremias trás uma profecia contra um reino poderoso, que aparenta se encaixar muito bem com o verso de Apocalipse, e também com a simbologia usada no restante do livro de Apocalipse. O reino mencionado é a Babilônia.
Passagem Bíbica | Texto |
Jeremias 51:24 | "E pagarei a Babilônia, e a todos os moradores da Caldéia, toda a maldade que fizeram em Sião, aos vossos olhos, diz o SENHOR." |
Jeremias 51:25 | "Eis-me aqui contra ti, ó monte destruidor, diz o Senhor, que destróis toda a terra; e estenderei a minha mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte de queima." |
Jeremias 51:42 | "O mar subiu sobre Babilônia; com a multidão das suas ondas se cobriu." |
Jeremias 51:63-64 | "E será que, acabando tu de ler este livro, atar-lhe-ás uma pedra e lançá-lo-ás no meio do Eufrates. E dirás: Assim será afundada babilônia, e não se levantará, por causa do mal que eu hei de trazer sobre ela; e eles se cansarão. Até aqui são as palavras de Jeremias." |
* Versão da Bíblia na tabela acima: Almeida Corrigida e Fiel - (Ênfase acrescentada)
Nessa profecia de Jeremias, Babilônia seria lançada sobre as águas, e iria afundar para sempre, por causa da punição que Deus iria trazer sobre ela. Em um capítulo mais adiante, em Apocalipse, João fala sobre a Babilônia espiritual, e usa o mesmo tipo de linguagem: "Então um anjo poderoso levantou uma pedra do tamanho de uma grande pedra de moinho, lançou-a ao mar e disse: "Com igual violência será lançada por terra a grande cidade da Babilônia, para nunca mais ser encontrada." (Apocalipse 18:21; veja também Apocalipse 14:8). Na época de João, o reino da Babilônia já havia caído. Não podemos esquecer que as trombetas vêm em sequência. Estudamos que a primeira trombeta representa a destruição de Jerusalém, e os julgamentos derramados sobre a nação judia. A segunda trombeta representa algo que aconteceu após a destruição de Jerusalém. Com isso em mente, podemos ver que o termo montanha foi usado como símbolo para Babilônia, e Babilônia é também um símbolo para um outro poder - um poder que se opõe à soberana autoridade de Deus (Apocalipse 14:8; Apocalipse 16:19; Apocalipse 17:5; Apocalipse 18:2; Apocalipse 18:5; Apocalipse 18:10; Apocalipse 18:21). Nos restam ainda os símbolos para fogo e água. Vamos examinar de perto, esses símbolos:
- Babilônia: João não foi o único a mencionar Babilônia em seu livro. Pedro também menciona Babilônia como o símbolo do regime corrente de seu tempo: "A vossa co-eleita em babilônia vos saúda, e meu filho Marcos." (1 Pedro 5:13). Como já havíamos mencionado antes, a Babilônia já não existia no tempo de Pedro ou João. Pedro mencionou Babilônia, que foi o reino responsável por levar os Judeus em exílio, no tempo de Daniel e Jeremias. Pedro e João usaram, simbolicamente, o nome do antigo opressor da nação Judia, para se referirem ao seu opressor na época: o Império Romano. Os primeiros cristãos sofreram uma perseguição terrível dos romanos. Muitos foram sentenciados a morte, jogados nas arenas, e até mesmo queimados vivos. Paulo sofreu essa perseguição em primeira mão, assim, como alguns cristãos nas igrejas da Ásia Menor (veja os estudos sobre as Sete Igrejas: #11 à #27).
- Ardendo em fogo: Como vimos no estudo #52, fogo é uma das armas que Deus usa contra aqueles que oprimem Seu povo. Tanto os líderes dos judeus quanto dos romanos, perseguiram os primeiros cristãos. O julgamento das trombetas começou “pela casa de Deus” (1 Pedro 4:17), e seguiu com o Império Romano. Deus é quem põe fogo na grande montanha. Em outras palavras, Deus é quem trás essas nações a julgamento. Deus é quem “remove os reis e estabelece os reis” (Daniel 2:21).
- O mar: Muitas vezes, no Antigo Testamento, encontramos o termo ‘mar’ sendo usado como símbolo para as pessoas que se opõem a Deus (Isaías 57:20; Isaías 17:12-13; Jeremias 51:41-42; Daniel * 7:2-7,17). O verso em Apocalipse e a passagem em Jeremias, nos diz como a grande montanha deveria ser afundada e consumida pelas águas. A decadência do Império Romano aconteceu em vários níveis, incluindo aspectos político, econômico, e militar. As tensões religiosas entre as zonas oeste e leste do Império também tornaram o problema mais agravante. Ondas de tribos bárbaras vieram e conquistaram território romano.
*** O mar se tornou sangue ***: O lançar da montanha em chamas no mar trouxe uma consequência muito terrível. O mar se transformou em sangue. Essa transformação nos faz lembrar da primeira praga do Egito (Êxodo 7:14-24). “Assim diz o Senhor: Nisto saberás que eu sou o Senhor: Eis que eu com esta vara, que tenho em minha mão, ferirei as águas que estão no rio, e tornar-se-ão em sangue. E os peixes, que estão no rio, morrerão, e o rio cheirará mal; e os egípcios terão nojo de beber da água do rio.” (Êxodo 7:17-18). No caso dos Egípcios, Deus queria que o inimigo de Seus filhos soubessem que Ele era o Senhor. Mais uma vez, vemos o aspecto redentor dos julgamentos que estão caindo sobre os inimigos de Deus. Deus está interessado em salvar todo mundo, e Ele trabalha pra dar a todos, a oportunidade para que escolham seguí-LO. Enquanto o Império Romano estava afundando nas águas, eles ficaram cobertos de sangue. O Império lutou muitas batalhas durante sua queda, e o derramamento de sangue foi abundante.
*** Morte de um-terço dos seres aquáticos ***: A consequência do derramamento de sangue causado pelas batalhas foi a morte de um-terço das criaturas do mar. No estudo #52, vimos que “um-terço” é o contexto incompleto de um grupo de seres (pessoas, ou mesmo anjos). O julgamento da segunda trombeta iria cair apenas sobre parte da população marinha. Nesse caso, as criaturas do mar são o símbolo que representa as pessoas que viviam nessas regiões do Império, e vizinhanças, que se encontravam em conflito durante a queda de Roma.
*** Destruição de um-terço dos navios ***: Com a queda da ordem política de Roma, sobreveio também o declínio econômico. No Antigo Testamento, navios eram mencionados como referência ao orgulho comercial de uma nação, e seu domínio (Isaías 2:16-17; Ezequiel 27:25-27). O impacto econômico também foi parcial, mas foi significativo, e trouxe consigo uma devastação social.
When the sentence came

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*** Aplicação Profética ***: Com a análise de cada símbolo usado nesses dois versos de Apocalipse, podemos ver que a segunda trombeta se refere à queda do Império Romano, no ano A.D. 476. A aplicação profética é fortemente embutida em praticamente cada palavra do texto. O papel que a Roma antiga teve na crucifixão de Cristo e na perseguição aos cristãos, não passou despercebido por Deus. É importante reconhecer que os julgamentos contidos na primeira e segunda trombetas não caíram sobre nenhum indivíduo em particular. Elas foram as consequências aplicadas às nações. Primeiro, sobre a nação apóstata dos Judeus (primeira trombeta), e em seguida, sobre o Império Romano (segunda trombeta). Deus revelou a Si próprio para essas nações, e lhes deu uma oportunidade de ver que Ele é o Senhor, da mesma maneira que Ele o fez com a nação dos egípcios durante as 10 pragas. Deus é misericordioso. Deus é também justo. E Sua justiça não pode ser evitada.

© Hello-Bible - 2024

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Visão Geral
A segunda trombeta representa um julgamento sobre o próximo poder que rejeitou a Deus: o Império Romano. Comparando os versículos do Antigo e do Novo Testamento que se referem aos poderes governantes opressores como "Babilônia", e que essa Babilônia é a montanha ardente destinada a afundar nas ondas, vemos que o governo romano no tempo de João foi o próximo a enfrentar o julgamento do Céu. O Império Romano não foi derrubado por um único poder global que ditasse práticas religiosas. Em vez disso, ele gradualmente se desfez, dissolvendo-se e transformando-se em reinos divididos. Este julgamento teve um escopo parcial, simbolizado pela expressão "um terço".
O julgamento da segunda trombeta não foi direcionado ao povo fiel de Deus, mas isso não significa que eles não sentiram as ondas de choque sociopolíticas e econômicas causadas pela montanha ardente que caiu. No entanto, o fato de que Deus lida de maneira justa com Seus inimigos deve tranquilizar Seu povo de que Ele nunca os abandonará e está sempre pronto para defendê-los. Assim como Deus fez questão de que os israelitas soubessem que Ele era o responsável por libertá-los do Egito (Êxodo 20:2), Ele também mostrou aos egípcios a mesma verdade por meio das pragas—retirando as coisas que eles colocaram acima dEle para que soubessem que Ele é o Senhor (Êxodo 7:5) e o único capaz de resgatar Seu povo da escravidão.
Que mensagem profunda vemos aqui! Quando Deus nos remove do pedestal que só Ele deve ocupar, é uma oportunidade para nos arrependermos e voltarmos a Ele. A verdadeira vida só acontece quando permitimos que Ele esteja no centro. Ele deseja que tenhamos vida em abundância (João 10:10). Se decidirmos não completar a jornada de volta a Ele, nossa remoção do centro resultará em julgamento final. No entanto, essa escolha é nossa, e Ele nunca nos forçará a escolher Seu lado.