Traçando Conexões
Deus é organizado. Se pararmos para pensar em todos os momentos em que Deus aparece falando e instruindo os seres humanos, a gente vai ver que o que Ele estava falando ou fazendo sempre tinha uma ordem. Nós já falamos sobre o primeiro exemplo que vemos na Bíblia. No estudo anterior, nós vimos como Ele dividiu a semana em 7 dias. Ele seguiu um plano, uma ordem. Toda a instrução envolvendo o tabernáculo e a rotina a ser seguida tinha uma ordem e uma razão de ser. Até a maneira como os Dez Mandamentos estão divididos tem uma ordem. Os primeiros 4 têm a ver com o nosso relacionamento com Deus, e os últimos 6 têm a ver com o nosso relacionamento com as outras pessoas. As mensagens às sete igrejas não são uma exceção. Elas todas seguem um formato, um modelo.
Antes de falarmos sobre esse modelo, precisamos lembrar que todas as igrejas receberam todo o livro de Apocalipse. O livro era a carta às igrejas. Mas nos capítulos 2 e 3, nós vemos mensagens direcionadas a cada uma dessas igrejas. Todas as igrejas viram todas as mensagens. Muito provavelmente, as outras igrejas da Ásia Menor também tiveram acesso às informações desse livro. Com isso em mente, ainda hoje também podemos aprender lições de vida importantes. Lições que podem ter um impacto na nossa escolha pela vida eterna.
Visão Detalhada
As sete cartas foram escritas de uma maneira organizada, seguindo um padrão específico. Cada uma delas tem 6 partes:
- Destinatário
- Remetente
- Avaliação
- Apelo
- Chamado para ouvir o Espírito
- Promessa para o vencedor
*** Destinatário ***: Toda carta tem que ter um destinatário, obviamente. As cartas em Apocalipse começam com a frase "Ao anjo da igreja em __________”. E então Ele diz o nome da igreja. Apocalipse 1:20 diz que Jesus tem os líderes que proclamam essa mensagem em Sua mão direita. Esses líderes são as sete estrelas, ou, como o verso 20 diz, os anjos das sete igrejas. E são para esses anjos que as cartas estão endereçadas. No estudo 9, nós vimos que a palavra anjo é usada na Bíblia não somente para se referir a seres celestiais, mas também ao líder da igreja. A palavra em si significa mensageiro. Esse mensageiro da igreja é aquele que vai ler a mensagem para a igreja, como nós vimos em Apocalipse 1:3. E de acordo com esse verso, os membros da igreja são chamados de “aqueles que ouvem”. Então o destinatário da carta de Apocalipse é o líder de cada uma das igrejas, que é representado aqui pelo símbolo “anjo da igreja”.
*** Remetente ***: Outra coisa que toda carta tem é o remetente, aquele que está enviando a carta. Jesus é o remetente. E essa parte começa com “Assim diz”, ou “Isto diz”, que nos faz lembrar dos oráculos do Antigo Testamento (alguns exemplos desses oráculos estão em Jeremias 34:2; Ezequiel 11:5; Zacarias 1:3; Naum 1:12; Isaías 37:6; 2 Samuel 7:8). Agora, veja que interessante. Vamos relembrar o que vimos sobre Jesus no capítulo 1 de Apocalipse. Nas cartas às igrejas, Jesus se apresenta com uma ou mais características descritas na cena em que Ele está caminhando entre os sete candelabros. Essa descrição é essencial para ajudar a igreja a superar a situação em que ela se encontra. Jesus vem para suprir a necessidade particular de cada igreja. Para uma, Ele vem com Sua espada de dois gumes; para outra, Ele vem com Seus olhos em chamas. Ele vem com as características exatas para atender cada igreja de acordo com o que ela precisa. Jesus não se apresenta da mesma maneira para todas as igrejas. Ele personaliza a Sua descrição de forma a suprir as necessidades de cada uma delas.
*** Avaliação ***: Nesta parte, Cristo expressa Sua opinião sobre o estado em que a igreja se encontra. E você vai reconhecer esse trecho porque Jesus começa essa parte dizendo “Conheço”. Então, quando você ler a palavra “conheço”, você poderá reconhecer que está lendo a avaliação de Jesus sobre essa igreja. Ele sabe exatamente a condição de cada igreja porque Ele caminha entre as igrejas. Ele caminha entre os candelabros. Ele as conhece por dentro e por fora. Ele então menciona coisas positivas, negativas, ou neutras a respeito de cada uma. Algumas avaliações contêm também um alerta, ou uma promessa. Em todos os casos, Jesus sempre traz à tona tópicos relevantes, contendo múltiplos significados históricos e espirituais, que vão além de qualquer avaliação humana.
*** Apelo ***: Nessa parte da carta, Jesus estende Sua mão amorosa e misericordiosa sobre os membros de Sua igreja, e mostra para eles o que fazer e o que não fazer para que venham a superar suas adversidades. O apelo mostra às igrejas que elas ainda têm uma chance de salvação. Ainda que algumas estejam sofrendo com o mesmo problema em graus diferentes, o caminho a ser tomado não as leva de volta à igreja que tem o problema em menor intensidade. Elas não vão encontrar a salvação se tomarem o mesmo caminho de volta para o estágio anterior. Cada uma das igrejas tem um caminho novo que as leva até Jesus.
*** Chamado para ouvir o Espírito ***: Esse trecho é igual em todas as cartas: E ele diz assim: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. A tradução mais precisa do grego, no começo dessa frase, seria: “Aquele que tem ouvido”. Essa não era uma expressão nova para Jesus. Em várias ocasiões, Jesus terminou Seus ensinamentos com a frase “Quem tem ouvidos, ouça” (Mateus 11:15; 13:9, 43; Marcos 4:9, 23; Lucas 8:8, 14:35). O importante é que Jesus está chamando a todos para ouvir Seu apelo, e a se voltarem para Ele. O que Ele está falando vem do Espírito Santo, que é a mensagem que o Espírito continua a enviar a todas as igrejas através da história. A mensagem e o 'chamado para ouvir’ não são apenas para uma igreja específica, porque o que o Espírito está dizendo é para ser ouvido pelas igrejas (que está aqui no plural: igrejas). Esse é um chamado universal, e uma mensagem universal.
*** Promessa para o vencedor ***: A última parte da carta começa com “Ao vencedor”. Algumas versões dizem “Ao que vencer”. Jesus tem uma promessa especial para aquele que ouvir o chamado para seguir Seu apelo. Nas últimas 4 cartas, a ordem das partes “chamado para ouvir o Espírito” e “promessa para o vencedor” está invertida. Mas todos os elementos estão presentes em todas as cartas. O importante é que Jesus está não somente encorajando aqueles que continuam no caminho da salvação, mas também está nos informando de que não importa quão ruim a situação esteja na comunidade que se considera cristã. Mesmo que ela não necessariamente siga os preceitos de Deus. Deus sempre tem aqueles que são fiéis e que permanecem na fé em Jesus.
Nos próximos estudos, a gente vai entrar em detalhes sobre o que estava acontecendo em cada uma das igrejas, do ponto de vista histórico, cultural e espiritual. Nós vamos também ver o que a Bíblia tem a dizer da situação de cada uma delas. Mas agora, vamos explorar essa parte do verso 20 do capítulo 1, que fala que os sete candelabros que João viu são as sete igrejas. Quando estudamos essas igrejas, podemos ver os paralelos e a conexão entre todas elas. O Dr. Stefanovic, que é o autor do comentário bíblico chamado Revelação de Jesus Cristo, sugere que as igrejas estão posicionadas como as lâmpadas do menorá, que é esse candelabro de sete lâmpadas que João viu perto de Jesus na visão. Essa conexão acontece da seguinte maneira: a primeira lâmpada se comunica com a última; a segunda com a sexta; a terceira com a quinta; e a quarta lâmpada se encontra no meio, sendo o ponto de divisão entre todas as outras.
© Hello-Bible - 2016
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Ao fazer essa comparação, podemos ver a ligação entre as igrejas, o que é importante nesse estudo que vamos fazer sobre cada uma delas. A primeira e a última igreja, ou seja, Éfeso e Laodiceia, refletem o começo e o fim do mesmo problema: a perda do puro primeiro amor. Amor é um sentimento forte, assim como o ódio. O oposto do amor é, então, a falta de sentimento, e não outro sentimento forte como no caso do ódio. Portanto, o oposto do amor é indiferença. Éfeso se apresenta com os primeiros sintomas da falta de amor. Já em Laodicéia, o problema está tão avançado que a igreja se tornou morna, e nem mesmo está ciente da péssima condição em que se encontra (Apocalipse 3:17).
A segunda e a sexta igrejas, Esmirna e Filadélfia, são igrejas fiéis. Jesus não diz nada negativo a respeito delas em Sua avaliação. Elas são chamadas a manter a fé que já possuem. As duas sofrem oposição daqueles “que se dizem Judeus, mas não são, são a sinagoga de Satanás”. Essa é uma frase forte que Jesus usa em Apocalipse 2:9; Apocalipse 3:9. Nós vamos estudar o que Jesus quis dizer com essa frase quando entrarmos mais a fundo no estudo dessas duas igrejas.
A terceira e a quinta igrejas, Pérgamo e Sardes, refletem a situação onde ensinamentos falsos entraram na igreja. Pérgamo não tolera essa situação, mas alguns membros defendem falsos ensinamentos. Sardes é uma igreja morta, onde os falsos ensinamentos já nem incomodam mais. A maioria dos membros da igreja está correndo risco de ser pega de surpresa na Segunda Vinda. Os poucos em Sardes que não se contaminaram com as falsas doutrinas já estão preparados, e considerados dignos de caminharem com Cristo. Jesus alerta a igreja a se afastar dos falsos ensinamentos, e chama a todos a se lembrarem de como inicialmente “receberam, ouviram, e guardaram” a mensagem verdadeira (Apocalipse 3:3).
A quarta igreja, Tiatira, é a igreja do meio. Ela é uma igreja dividida. Tudo é dito em pares. Ela se encontra entre a terceira e a quinta igrejas, e é bastante tolerante a falsos ensinamentos, mas ainda se interessa em ter boas obras. Essa é a carta mais longa de todas as sete, e lida de forma firme com o problema da divisão dentro da igreja, que está ligado à doutrina. A recompensa final dessa igreja será dada de acordo com o tipo de obras nas quais os membros estão envolvidos: obras de Deus versus obras das quais eles precisam se arrepender (Apocalipse 2:22-23, 26).
A base deste candelabro, ou seja, a base das igrejas ao longo dos séculos, é Jesus. Já mencionamos várias vezes que Jesus é o Sumo Sacerdote. Um dos trabalhos que os sacerdotes tinham no Antigo Testamento era exatamente este: manter as chamas das lâmpadas no candelabro acesas continuamente. Essa era uma atividade muito importante que exigia extremo cuidado. As mensagens individuais às sete igrejas representam esse cuidado que o sacerdote tinha com as lâmpadas. Cada uma dessas mensagens é como se Jesus estivesse garantindo que as lâmpadas estivessem sempre prontas para receber o óleo do Espírito Santo, para que pudessem continuar a brilhar com a chama da pura e inalterada verdade de Deus.
Visão Geral
As cartas às sete igrejas são apresentadas de forma organizada. As cartas têm seis elementos que nos ajudam a entender a mensagem. Nessas cartas, Jesus se apresenta às igrejas de uma maneira significativa e personalizada. Nenhuma igreja recebe todas as características do “Jesus completo”. As necessidades de cada igreja são diferentes, e Ele vem para suprir cada necessidade de forma específica. Ao olharmos para essas cartas, podemos ver que o que Jesus está mostrando é muito relevante para nós nos dias de hoje. Quando paramos de praticar o amor de Deus, embarcamos em um caminho que leva direto à completa indiferença à verdade divina. O amor ao “próprio eu” cresce, e como consequência “o próprio eu” começa a redefinir a verdade de acordo com objetivos pessoais. Felizmente nós servimos a um Deus amoroso, que quer nos assegurar que Ele é o Criador, e que Ele pode nos recriar, para que um dia possamos estar com Ele, e nos assentarmos com Ele em Seu trono. Nada é impossível para Cristo. Nada pode impedi-Lo de salvar os Seus remanescentes — nem mesmo uma igreja morta, ou uma igreja auto-suficiente e indiferente. O caminho daquele que vence é um caminho reto, que leva direto para Jesus.
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Summary of the Seven Churches
Episode 11
YouTube video with this study
Resumo das Sete Igrejas
Episódio 12
Vídeo do estudo no YouTube
