8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver.
9 Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás.
10 Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.
11 Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte.
Traçando Conexões
Na Parte 1 deste estudo sobre a igreja em Esmirna, vimos como a igreja enfrentava um forte contraste entre suas circunstâncias externas e sua realidade espiritual. Apesar de viver em uma cidade livre e rica, a igreja enfrentou severa perseguição e extrema pobreza, mas permaneceu espiritualmente rica. Jesus os encorajou a não temer as provações iminentes, assegurando aos vencedores que, mesmo na morte, receberiam a coroa da vida eterna. Ele enfatizou o chamado para permanecer fiel até a morte.
Hoje, concluiremos com a Parte 2, onde analisaremos o formato da carta para entender os detalhes da mensagem e sua aplicação profética. Se você ainda não leu a Parte 1, volte ao estudo #15 para compreender o contexto em que os cristãos da igreja de Esmirna receberam esta carta.
Parte 1 Parte 2
PARTE 2
Visão Detalhada
*** Destinatário -> “Ao anjo da igreja em Esmirna” ***: Mais uma vez, a carta é endereçada ao líder da igreja, mas o texto se aplica a todos os membros. Veja os comentários no estudo #9, #12, e #14.
*** Remetente -> “O Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver” ***: Jesus vem à igreja em Esmirna como alguém com quem os membros podem se identificar. Todas as coisas pelas quais estavam passando, Jesus já havia sofrido também. Ele havia sido perseguido por romanos pagãos, e por judeus. Ele foi perseguido até a morte. Seu corpo foi preparado para o sepultamento com uma mistura de mirra, conforme era o costume judeu (João 19:39-40). Mas a razão pela qual a igreja em Esmirna não precisava ter medo é porque Ele ressuscitou e está vivo. A descrição de Jesus como o remetente é exatamente o que João ouviu quando ele caiu aos Seus pés, em Apocalipse 1:17-18: “[…] Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último. Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! […]”. Veja o estudo #10 para mais detalhes sobre essa passagem.
*** Avaliação -> “Conheço…” ***: Jesus sabe melhor do que ninguém o que está acontecendo na igreja:
- Aflições: O sofrimento que a igreja em Esmirna estava enfrentando era monumental. A palavra grega usada para aflição é 'thlipsis', que significa “restringir, comprimir, esfregar, confinar, inescapável e esmagante pressão”. Paulo e Timóteo passaram por esse tipo de aflição enquanto estavam na Ásia (2 Coríntios 1:8-9): “Irmãos, não queremos que vocês desconheçam as tribulações que sofremos na província da Ásia, as quais foram muito além da nossa capacidade de suportar, a ponto de perdermos a esperança da própria vida. De fato, já tínhamos sobre nós a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos.”
- Pobreza: Jesus está aqui reconhecendo que a igreja não possui bens materiais. Mesmo a igreja estando situada em uma das cidades mais ricas da Ásia, os membros eram muito carentes, possivelmente devido ao extremo estado de perseguição que eles suportavam. E ainda assim, Ele diz: “mas você é rico!”. Eles eram ricos na graça de Deus. Eles eram ricos através da confiança em Sua palavra. Eles eram fiéis a Deus até a morte. Conhecer Jesus de uma maneira tão próxima e pessoal, evidenciada pela disposição de morrer por Ele, era o conforto da igreja. Mais uma vez, eles podem se identificar com Jesus (2 Coríntios 8:9): “Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.”
- Blasfêmia: Jesus entende que a igreja está recebendo fortes oposições daqueles "que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás”. Aqui vemos o contraste entre os dois grupos que haviam sido escolhidos para ser o povo de Deus em diferentes momentos. De um lado, aqueles "que se dizem judeus”. Do outro lado, temos a igreja cristã. Só porque alguém diz que é uma coisa, não significa que ele realmente é aquilo. As pessoas podem enganar uns aos outros, mas não podem enganar a Deus. Assim como em Éfeso, muito provavelmente a igreja em Esmirna também era composta por gregos e judeus. E ainda assim os judeus não cristãos acusavam e perseguiam a igreja. Cristãos judeus e gregos eram perseguidos de igual forma. Paulo viveu essa mesma situação mais de uma vez, quando judeus instigavam perseguição e agitavam as multidões contra aqueles que estavam pregando o evangelho (Atos 13:50; Atos 17:13). Apocalipse 2:9 é muito claro ao dizer que aqueles que se opõem aos que pertencem ao corpo de Cristo, na verdade fazem parte do corpo de Satanás.; Acts 17:13).
*** Apelo -> “Não tenha medo; mais tribulação está vindo; mas seja fiel” ***: Haveria de se esperar que se a notícia de que mais tragédia estava para acontecer, o medo das pessoas iria aumentar. Mesmo com Jesus dizendo que mais sofrimento está para vir, Ele não está falando para a igreja ter menos medo. Ele está dizendo “não tenha medo”. Não há razão para ter medo, porque quem é fiel está no lado vencedor. Essa situação nos faz lembrar de Salmo 23:4: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”. A igreja em Esmirna já estava sob uma insuportável, restritiva e confinante pressão, quando recebeu a notícia de que mais sofrimento estava para chegar. Satanás jogaria alguns membros na prisão, e alguns iriam sofrer perseguição por 10 dias. Gênesis 24:55 e 1 Samuel 25:38 mencionam o período de 10 dias como um período curto. Mas outras duas passagens trazem explicações bem relevantes quanto aos termos “sendo testados” e “sendo fiéis”. Vemos a primeira quando Daniel e seus amigos passaram por uma provação de 10 dias quando resolveram testemunhar a favor do Deus verdadeiro e escolheram não se contaminar com comidas impuras (Daniel 1:8-20). A outra foi o período importante de 10 dias entre a ascensão de Jesus e o pentecostes. Os discípulos, juntamente com “as mulheres, Maria mãe de Jesus, e Seus irmãos” passaram esse tempo em contínua oração (Atos 1:14).
Esses 10 dias para Daniel, e também para os discípulos possivelmente pareceram uma eternidade. A confiança inabalável que Daniel tinha em Deus, o guiou durante esse período de teste. Ele estava certo de que Deus iria resolver o problema. E os discípulos fortaleceram sua fé, receberam o derramamento do Espírito Santo, e iniciaram seu ministério, através de muita oração e unanimidade de propósito. Jesus enviou uma mensagem desagradável sobre a iminente perseguição à igreja de Esmirna. Mas Ele também enviou uma promessa: se permanecessem fiéis mesmo se tivessem que dar suas vidas, Ele lhes daria a coroa da vida. A palavra grega para 'coroa' é estefanos, que é uma coroa de vitória. É o tipo de coroa que era dada aos atletas vencedores nos jogos olímpicos de Esmirna. A outra palavra grega para coroa é diadema. A coroa estefanos é mencionada em outros textos do Novo Testamento (2 Timóteo 4:8; 1 Pedro 5:4), e Tiago 1:12: “Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam.” Os membros de Esmirna não seriam mais reconhecidos pela Coroa de Esmirna, que era feita de morte. Eles receberiam a Coroa de Vitória feita de Vida. E essa, era razão suficiente para “parar de ter medo”.
Stephanos crown

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*** Chamado para ouvir o Espírito -> O Espírito diz às Igrejas ***: A mensagem de “não temer, Eu estarei contigo da perseguição até a vitória” é para ser ouvida por todas as igrejas. Não há desculpas para não atender esse chamado. Veja as notas do estudo #14.
*** Promessa -> "Ao Vencedor” ***: Aquele que vencer não irá passar pela segunda morte. Em Apocalipse 20:14 e Apocalipse 21:8 lemos: "o lago de fogo é a segunda morte". O lago de fogo é onde Satanás, as bestas, e aqueles cujos nomes não estão no livro da vida serão lançados para receber sua sentença final por sua rebelião contra Deus (Apocalipse 20:10). Significa morte eterna. A igreja não deveria se preocupar ou temer a primeira morte, porque essa morte é temporária. É como um sono. A Bíblia diz que os mortos em Cristo (aqueles que dormem no Senhor) irão ressuscitar no dia da volta de Cristo (1 Tessalonicenses 4:15-16). No relato da morte de Estevão, a Bíblia diz que ele adormeceu (Atos 7:59-60). Ninguém realmente quer sofrer e morrer, porque nós fomos criados para a vida. No entanto, vivemos em um mundo imperfeito e pecaminoso, onde a morte é uma realidade. Mas a morte deixa de ser uma razão para o medo, porque através da fé em Jesus, os cristãos conhecem o conceito de adormecer no Senhor e acordar com corpos perfeitos num piscar de olhos, para a Glória de Cristo quando Ele retornar (1 Coríntios 15:50-54). A vida eterna realmente está às portas. A segunda morte não pode tocar aqueles que escolheram receber a coroa da vida.
*** Visão da História da igreja e aplicação profética ***: O período profético dessa igreja coincide com o tempo de severa perseguição que os cristãos sofreram sob o Império Romano durante os séculos II, III e início do século IV. Esse período de perseguição se intensificou em 303 AD, quando o imperador Diocleciano lançou um ataque geral para eliminar os cristãos. Diocleciano morreu em 305, mas o plano para aniquilar o cristianismo continuou até 313, quando o imperador Constantino decretou uma lei de tolerância, colocando um fim na perseguição aos cristãos. Esse período de extrema perseguição durou exatamente 10 anos. Usando o princípio bíblico profético de 1 dia = 1 ano (Ezequiel 4:6-7; Números 14:34; Lucas 13:32), temos aqui os 10 dias de perseguição que Jesus mencionou na carta para a igreja em Esmirna.

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Visão Geral
A igreja em Esmirna também era uma boa igreja. Mas era muito pobre, perseguida e estava sendo esmagada pelas pressões da sociedade pagã em que os membros viviam. Assim como a extração da resina de mirra, a igreja estava sendo marcada até o âmago pela afiada faca da perseguição. Quanto mais cortes, melhor seria a coleta da essência que dá origem a uma mistura fragrante e agradável. O intenso esmagamento da resina resultaria no mais fino pó de mirra. Esta igreja não recebeu nenhuma repreensão de Jesus. Nada de negativo foi dito sobre ela. Ele encorajou os membros da igreja a permanecer firmes na fé que já tinham, mesmo que isso custasse suas vidas. Aqueles que não tinham medo de morrer por suas crenças em Cristo receberam duas promessas: eles seriam coroados com uma coroa de vitória feita de vida e não estariam entre aqueles que receberiam a sentença de morte eterna. A mensagem para essa igreja fala de perseguição, tribulação, prisão e morte. Parece ser muito sombria, mas na realidade é uma mensagem de esperança, fortalecimento e segurança. Quando nos tornamos verdadeiros seguidores de Cristo, podemos esperar perseguição e pressão daqueles fora da igreja e até mesmo de pessoas supostamente santas que na verdade não seguem o Testemunho de Jesus. Através da carta à igreja em Esmirna, podemos saber que Jesus também sofreu perseguição e rejeição. Ele foi até traído por um assim chamado amigo próximo (Mateus 26:50). Mas Jesus permaneceu focado em Deus até a morte, e Ele conquistou a morte. Sob as piores das piores condições, ainda é possível permanecer fiel e não perder de vista o que é importante. Prisão, tribulação e morrer em Cristo são um pequeno preço a pagar quando o prêmio ao final do período de provação é a Vida Eterna.