15. Igreja em Esmirna, perdendo o mundo e coroada com vida * Apocalipse 2:8-11, Parte 1

Não tenha medo da perseguição
28 de maio de 2016 por
Hello Bible

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8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver.

10 Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás.

11 Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.

12 Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte.

(NVI)
Revelation 2:8-9, Revelation 2:10-11 (NASB)
Apocalipse 2:8-9, Apocalipse 2:10-11 (ARC)

 

Traçando Conexões

Em nosso último estudo, vimos como a igreja em Éfeso, apesar de suas muitas boas qualidades, estava perigosamente se distanciando do amor. Sem amor, a igreja perde sua essência, tornando-se um lugar de leis vazias, rituais e conversas sem sentido. O verdadeiro Cristianismo não pode existir sem amor; quando o amor está ausente, o egoísmo toma conta, e a igreja deixa de funcionar como o corpo de Cristo. A próxima igreja que vamos examinar, Esmirna, apresenta um conjunto diferente de desafios com os quais muitos de nós podemos nos identificar: dor e sofrimento.

Hoje, começamos nosso estudo sobre a segunda igreja. Assim como fizemos com a igreja em Éfeso, dividiremos este estudo sobre Esmirna em duas partes. A Parte 1 explorará o contexto histórico e bíblico da cidade, incluindo sua cultura e a igreja local. Na Parte 2, analisaremos a estrutura da carta a Esmirna, detalhando cada parte e examinando como essa igreja se encaixa profeticamente na História da Igreja. ​

Parte 1     Parte 2

PARTE 1

Visão Detalhada

*** História ***: Esmirna era uma cidade muito bonita e rica, que ficava a pouco mais de 56 km de Éfeso. Hoje, é conhecida como Izmir, na Turquia. A região começou a ser povoada por volta de 3000 AC, e durante a antiguidade, Esmirna foi uma cidade-estado de influência por toda Ionia. Homero, o escritor grego, autor da Ilíada e de Odisseia, foi um dos seus residentes mais famosos. Esmirna foi destruída por volta de 600 AC pelo rei Aliates. Alexandre o Grande planejou a restauração da cidade em 340 AC, e o rei Lisímaco terminou a restauração. A cidade era famosa por sua “Coroa de Esmirna”, o monte Pagos. O topo do monte era a acrópole, e na suas encostas, haviam sido construídos muitos templos pagãos, mansões, e outros prédios de proeminência. Todas essas construções davam ao monte a aparência de uma coroa. Esmirna tinha um porto, a acrópole, um ginásio, e em certo momento foi a sede de um Festival Olímpico. A cidade restaurada tinha avenidas largas e pavimentadas, demarcadas com quarteirões retangulares. Calcula-se que a população na época em que João escreveu as cartas às igrejas, chegava a 200.000 habitantes. Esmirna competia com Éfeso e Pérgamo pelo título “Primeira da Ásia”, que era inscrito nas moedas.

O nome Esmirna tem sua origem na palavra 'mirra', que é uma resina, ou óleo, extraído da árvore Commiphora. Essa resina é uma cera natural obtida ao se fazer vários cortes na casca dessa árvore, até o alburno (parte viva do tronco). A árvore então “sangra” a resina. Essa resina endurece e, após ser triturada, vira um pó. A mirra é uma substância muito aromática e era usada para fazer perfume, e medicamentos. Talvez seu uso mais importante fosse no preparo do corpo para o sepultamento. A mirra era o principal item de exportação de Esmirna nos tempos antigos.

Esmirna desenvolveu um relacionamento sólido com Roma, e foi a primeira cidade a construir um templo para a deusa Dea Roma, em honra da cidade de Roma, no ano de 195 AC. Em 23 AC, Esmirna ganhou o direito de construir um templo do imperador Nero. Outra deusa em Esmirna era Cibele. Sua estátua a representava sentada em um trono, com seus pés no mar, e uma coroa na cabeça. Sua imagem era uma das figuras mais comuns em várias das moedas de Esmirna.

O culto ao imperador era algo popular por toda a Ásia, começando com Julio César, passando por Calígula, e até Domiciano (que era o imperador no tempo das cartas de Apocalipse). Domiciano se auto-intitulou “senhor e deus”. A cada ano, os cidadãos romanos eram obrigados a participar em alguns rituais pagãos para poderem receber um certificado atestando sua fidelidade e culto ao imperador. A implicância de Roma não era com o prestar culto ao Deus verdadeiro. Os romanos tinham uma sociedade politeísta. Um deus a mais não faria diferença. O problema começava quando uma pessoa se negava a reconhecer o imperador como deus. Esse comportamento era uma afronta ao Império, e resultava em punição. Frequentemente essas pessoas eram colocadas em uma arena com feras selvagens para o entretenimento das massas, ou queimadas em público. O judaísmo era uma religião oficialmente reconhecida, e portanto o povo judeu era isento de prestar esse voto de fidelidade e culto ao imperador. Os romanos sabiam que os judeus viviam em conformidade com as regras romanas, e que não perturbavam a ordem. O cristianismo, por outro lado, não era uma religião reconhecida ou aceita durante os três primeiros séculos. Por isso, os cristãos daquela época eram severamente perseguidos, tanto pelos pagãos quanto pelos judeus.

*** Visão Bíblica ***: A igreja em Esmirna é mencionada apenas no livro de Apocalipse, e recebe a mensagem mais curta das sete igrejas. A maioria das informações que sabemos sobre as pessoas dessa igreja vem através dos escritos de cristãos primitivos como Policarpo e Irineu. Policarpo (DC 69 - 155) era o bispo de Esmirna. Acredita-se que ele tenha sido ordenado pelo próprio João. A história conta que Policarpo foi um dos primeiros mártires. Diz-se que ele foi amarrado a um poste aos 86 anos de idade para ser queimado. Mas, que em vez disso, foi esfaqueado, porque as chamas não conseguiam tocá-lo. De qualquer forma, queimado ou esfaqueado, Policarpo morreu porque se recusou a blasfemar o nome de Jesus.

A perseguição dos cristãos pelos judeus é mencionada na Bíblia. Começou no dia do apedrejamento de Estevão. Atos 8:1 diz: “E Saulo estava ali, consentindo na morte de Estêvão. Naquela ocasião desencadeou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e de Samaria.” Estevão foi o primeiro mártir, em um momento crucial na história da igreja cristã. Saulo, que se tornou Paulo após sua conversão, estava presente no apedrejamento de Estevão (Atos 7:58). Paulo era um dos perseguidores mais ferozes dos cristãos, e ia destruindo a igreja ao arrastar pessoas de suas casas para colocá-las na prisão (Atos 8:3). O interessante é que foi essa perseguição, iniciada com a morte de Estevão, que ajudou a espalhar o evangelho rapidamente pelo mundo. Com isso, um grande número de judeus e gregos se converteu ao cristianismo (Atos 11:19-21). ​  ​

Por todo o Novo Testamento, o tema 'perseguição' é frequentemente mencionado nas cartas de Paulo. Ele mesmo sofreu perseguição, e sabia que não seria o único a passar por tempos difíceis. Ele disse: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Contudo, os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.” (2 Timóteo 3:12-13).

Prisão Mamertina

Fotografia da cela na Prisão Mamertina, onde se acredita que Paulo possa ter sido encarcerado durante seu tempo em Roma.
Attribution: Chris 73, CC BY-SA 3.0,  via Wikimedia Commons - original aqui.


Jesus disse ao finalizar as Bem-Aventuranças: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês". (Mateus 5:10-12). O que Jesus diz nessa passagem nos lembra o que Ele está dizendo à igreja em Esmirna. Ele está falando que sofrer perseguições por causa do Seu nome não é apenas uma bênção, mas é também motivo para alegria e regozijo. Jesus convida Seus seguidores a tomarem uma atitude exatamente oposta ao medo. O que nos torna capazes de não sentir medo não é algo que vem de nós mesmos. Pela nossa própria natureza, temos medo. Mas quando estamos profundamente conectados com Deus, assim como estavam os "profetas que vieram antes de [nós]", recebemos uma habilidade sobrenatural para suportar qualquer coisa: "Tudo posso naquEle que me fortalece" (Filipenses 4:13).

Visão Geral

A igreja em Esmirna vivia numa realidade contrastante. A igreja estava no meio de uma cidade livre, mas era perseguida. A cidade era rica, mas a igreja era extremamente pobre. A sociedade não tinha nenhum respeito pelo Deus verdadeiro, mas a igreja era espiritualmente rica. Essa situação contraditória não pára por aí. A igreja recebeu uma carta de Jesus dizendo que logo haveria uma perseguição brutal, e ainda assim, Ele disse “não tenha medo". Jesus estava dizendo ao vencedor: pode ser que você morra durante as tribulações, mas você vai ser coroado com vida eterna. A chave para entender essa aparente situação conflitante, aceitá-la, e vencê-la, está descrita no verso 10: "seja fiel até a morte". Nas palavras do próprio Jesus: "[...] Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? [...]" (Mateus 16:24-26).


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