28. Uma porta aberta para o trono * Apocalipse 4:1-4

O trono não está vazio
27 de agosto de 2016 por
Hello Bible

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1 Depois dessas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no céu. A voz que eu tinha ouvido no princípio, falando comigo como trombeta, disse: "Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas".

2 Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele estava assentado alguém.

3 Aquele que estava assentado era de aspecto semelhante a jaspe e sardônio. Um arco-íris, parecendo uma esmeralda, circundava o trono,

4 ao redor do qual estavam outros vinte e quatro tronos, e assentados neles havia vinte e quatro anciãos. Eles estavam vestidos de branco e tinham na cabeça coroas de ouro.

(NVI)
Revelation 4:1-2, Revelation 4:3-4 (NASB)
Apocalipse 4:1-2, Apocalipse 4:3-4 (ARC)

 

Traçando Conexões

Nos capítulos 1 a 3, vemos Jesus caminhando entre as igrejas, com foco no que está acontecendo dentro da igreja aqui na Terra. O texto no capítulo 1 usa simbolismo que faz referência ao Santuário do Antigo Testamento, onde estudamos as referências de João aos candelabros, aos itens de bronze e às vestimentas sacerdotais.

A última das sete cartas às igrejas da Ásia se dirige a uma igreja em um estado de autoabsorção, colocando-a atrás de uma porta fechada que impede Jesus de entrar. No entanto, no capítulo 4, Jesus mostra a João que Ele tem uma porta aberta para Sua casa, enfatizando a promessa que fez à Igreja em Laodiceia — ao vencedor. A promessa afirma que o vencedor se sentará com Jesus em Seu trono, assim como Ele se sentou com Seu Pai em Seu trono (Apocalipse 3:21). Este versículo faz a transição perfeita para o capítulo 4, onde vemos a descrição dos eventos que estão ocorrendo no Céu. Esses eventos são cruciais para entender o restante do livro de Apocalipse. A linguagem do Santuário continua nos capítulos 4 e 5, onde lemos sobre os acontecimentos ao redor do trono de Deus.

Visão Detalhada

*** Porta aberta no Céu, e o convite dAquele que tem a voz como de uma trombeta ***: Após João receber a mensagem sobre as igrejas, ele olha para cima, e vê uma porta aberta no Céu. Então, João ouve Aquele que tem a voz como uma trombeta. É a mesma voz que ele ouviu em Apocalipse 1:10 (estudo​ #7). Jesus está chamando João a subir e entrar pela porta aberta. Jesus quer mostrar para ele o que precisa acontecer no futuro, do ponto de vista de João. Essa frase nos lembra o que Jesus disse a João em Apocalipse 1:19. Mas aqui, João não recebe a ordem de escrever o que Jesus está mostrando. Jesus o convida a ver as coisas. Assim que João ouviu esse convite, ele foi imediatamente levado em visão, recebendo a mensagem de Cristo. Da mesma maneira que ele falou em Apocalipse 1:10, ele "está no Espírito". Essa porta que João atravessa, leva a um ambiente no Céu, e ele viu ali um trono muito bonito. A palavra porta (no grego 'thura'), ocorre muitas vezes no Antigo Testamento, e na maioria das vezes, se refere ao Santuário ou Templo. Esse fato é muito importante, como vamos ver nos próximos versos. Essa porta era a passagem para o Santuário Celeste.

*** O trono, e Aquele que se assenta no trono ***: João logo vê um trono magnífico. O trono de Deus é mencionado em 16 dos 22 capítulos de Apocalipse, e em várias ocasiões, o trono é usado para representar o próprio Deus. O trono é o tema central do capítulo 4. Tudo é descrito em relação ao trono. João então vê quem está sentado no trono. Ele O identificou como "o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, que é, e que há de vir" (Apocalipse 4:8), e "Senhor" (Apocalipse 4:11). Mas em outros versos, João se refere à Deus como o "que estava assentado sobre o trono" (Apocalipse 4:3; 4:9; 4:10; Apocalipse 5:1; 5:7; 5:13). O Antigo Testamento traz frequentemente essa imagem de Deus assentado em Seu trono no Céu, mostrando de onde Ele reina em toda Sua glória e poder (1 Reis 22:19; Salmo 47:8; Salmo 93:1-2; Salmo 97:1-9; Salmo 99:1-5; Isaías 6:1; Ezequiel 1:26; Daniel 7:9). ​​ ​ ​ ​ ​ ​ ​ 

*** Descrição de Deus: Ele se parece com as pedras jaspe, sardônica, e esmeralda ***: algumas versões da Bíblia traduzem sardônica ou sárdio (do grego 'sardiō') como rubi. Esmeralda (do grego 'smaragdinō'), é às vezes traduzida como turquesa. Todas essas três pedras eram encontradas na vestimenta do rei de Tiro (Ezequiel 28:13). Estão também na fundação da Nova Jerusalém (Apocalipse 21:19). Mas como o simbolismo do Santuário é tão forte nesse capítulo, precisamos nos concentrar no que encontramos ali para podermos entender melhor o significado dessas pedras. Elas são encontradas no peitoral do Sumo Sacerdote no Antigo Testamento (Êxodo 28:17-20). Sárdio e jaspe são a primeira e última pedra no peitoral. Elas representam as tribos de Rúben e Benjamin, respectivamente. A esmeralda é a 4a. pedra no peitoral, representando a tribo de Judá. Sob a luz da linguagem do Santuário, essa descrição das pedras identifica Aquele que está sentado no trono como tendo as mesmas características de Cristo: "primeiro e último" (Apocalipse 1:11,17), e "Leão da tribo de Judá" (Apocalipse 5:5). Aquele sentado no trono é um com Cristo.

*** O arco-íris ao redor do trono ***: Ezequiel 1:28 também descreve o arco-íris ao redor do trono de Deus, e diz que "era o aspecto da semelhança da glória do Senhor." O arco-íris é um arco de 7 cores que Deus colocou no céu após o dilúvio, como uma aliança perpétua entre Deus e Seu povo, lembrando que Ele nunca mais iria destruir a Terra com água outra vez (Gênesis 9:12-17). Podemos entender que a glória de Deus é para nós um lembrete do quanto podemos confiar nEle. ​  ​

*** 24 tronos e 24 anciãos, vestidos de branco, e com uma coroa na cabeça ***: A atenção de João é atraída para os outros tronos. Ele vê primeiro 24 deles, e então menciona 24 anciãos. No Antigo Testamento, lemos sobre 24 grupos de sacerdotes que se revezavam como oficiais e músicos do Santuário (1 Crônicas 24:1-19; 1 Crônicas 25). Mais uma vez, a simbologia do Santuário está presente aqui, e não está fora de lugar. Levando em conta essa organização do santuário com os 24 grupos de sacerdotes, podemos ver esses 24 anciãos desempenhando um papel semelhante ao de sacerdotes. Em Apocalipse 5:8-10, vemos eles, diante do trono, realizando atividades sacerdotais. Eles estavam segurando "harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos". Eles então começaram a cantar uma canção que destacava como Deus transformou o povo salvo em "reis e sacerdotes" para Deus e como essas pessoas reinarão sobre a terra. ​

Coroa estefanos

Ilustração de uma coroa estefanos, ou coroa de vitória
© Hello-Bible - 2024


Curiosamente, esses 24 anciãos não estão presentes nas visões do trono dos profetas no Antigo Testamento. Embora eles não apareçam nas visões do Antigo Testamento, sua presença aqui não é tão surpreendente assim. No versículo 4, João dá uma breve descrição dos anciãos. Eles são mencionados em outras partes do livro também, então vamos analisar todas as informações que temos sobre esses anciãos para descobrir quem eles são. São anjos? São humanos? Podemos traçar um paralelo entre essa descrição dos 24 anciãos e as promessas feitas ao vencedor ao longo do livro de Apocalipse e as atividades que eles eventualmente realizarão. Em outras palavras, ao vencedor são prometidas as coisas que os anciãos já possuem, e esses 24 anciãos já fazem coisas que o vencedor fará no fim dos tempos.

24 AnciãosOs vencedores
Eles sentam em tronos ao redor do trono de Deus (Apocalipse 4:4)Eles se sentarão em um trono com Deus (Apocalipse 3:21)
Eles usam vestes brancas, e têm na cabeça a coroa estefanos (Apocalipse 4:4)Eles irão usar vestes brancas e coroas de vitória (estefanos) (Apocalipse 3:5; Apocalipse 2:10)​ 
Eles adoram a Deus (Apocalipse 4:10-11; Apocalipse 5:14; Apocalipse 11:16; Apocalipse 19:4)​ ​ ​ Eles irão adorar Deus (Apocalipse 7:10)
Eles têm em suas mãos harpas; e taças de incenso, que são as orações dos santos (Apocalipse 5:8)Eles irão receber harpas (Apocalipse 15:2), e oram/clamam a Deus (Apocalipse 6:10) ​
Eles realizam atividades sacerdotais (Apocalipse 5:8)Eles serão feitos reino e sacerdotes (Apocalipse 1:6)
Eles cantam um novo cântico diante do trono (Apocalipse 14:3)Eles cantam um novo cântico diante do trono (Apocalipse 14:3)


Todas as criaturas não caídas, como anjos ou outros seres celestiais, adoram a Deus. O fato de os anciãos adorarem a Deus não nos ajuda a identificá-los mais especificamente. No entanto, esses seres não caídos nunca pecaram e, portanto, não podem ser considerados redimidos. Eles nunca precisaram ser vitoriosos em superar o pecado. Torna-se evidente que os anciãos não poderiam ser seres não caídos ou anjos, já que Apocalipse 4:4 diz que os anciãos estão usando a coroa de estefanos, que é a coroa da vitória prometida àqueles que vencem (Apocalipse 2:10, 2 Timóteo 4:8; 1 Pedro 5:4; e Tiago 1:12; veja os estudos #15 e #16). Outros argumentos apoiam a visão de que esses 24 anciãos não poderiam ser anjos. Vamos analisar alguns deles. Somente o povo redimido recebe a promessa de uma túnica branca de justiça e uma coroa de vitória. Anjos nunca são retratados usando coroas de vitória. E, finalmente, somente aos redimidos é prometido sentar-se em um trono com Deus. Anjos são sempre mencionados como estando em pé ou prostrados na presença de Deus. Podemos ver claramente que os vinte e quatro anciãos são, muito provavelmente, humanos. Humanos que já foram glorificados. Mas como humanos acabaram no Céu antes da Segunda Vinda de Cristo?

De acordo com a Bíblia, quando as pessoas morrem, elas não são imediatamente levadas para um local de fogo eterno, ou para o céu (estudo #10). A Bíblia ensina que os mortos não sabem nada (Eclesiastes 9:5), eles estão como em um sono (Salmo 90:5; João 11:11-14; 1 Tessalonicenses 4:13), e que as pessoas irão receber sua recompensa somente no último dia (Apocalipse 22:12). No entanto, a Bíblia menciona algumas pessoas especiais, que receberam sua recompensa adiantadamente, e tiveram o privilégio de serem levadas para o céu antes da Segunda Vinda de Cristo. Sabemos que Enoque, Moisés, e Elias foram levados ao Céu (Gênesis 5:24; Hebreus 11:5; 2 Reis 2:11; Judas 1:9; Mateus 17:3). Enoque e Elias nunca passaram pela morte. A Bíblia também nos diz que quando Cristo morreu e ressuscitou, “abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mateus 27:52).

Da mesma forma como era costume do rei vitorioso na antiguidade, após vencer a batalha contra Seu inimigo, Cristo levou consigo os despojos de guerra. Em outras palavras, Ele levou para Si pessoas, com o objetivo de integrá-las à população de Seu próprio País Celestial. O Salmo 68:18 e Efésios 4:8 nos diz que Jesus levou para Si muitos cativos, na Sua ascensão ao Céu. Essas pessoas haviam sido escravizadas à breve existência na Terra, e se encontravam escravizadas ao seus sepulcros. Mas Jesus as tirou dessa condição. Não sabemos quantas pessoas foram ressuscitadas naquele momento. Existe a possibilidade de que elas foram levadas ao Céu para servirem como oficiais do Santuário - representantes vivos da humanidade no céu. O fato de que haviam 24 anciãos é importante, porque 24 é o dobro de 12. O número 12 está em destaque em Apocalipse, uma vez que o livro menciona as 12 tribos de Israel (como símbolo da igreja no Antigo Testamento), e 12 discípulos (como símbolo da igreja no Novo Testamento). A nova Jerusalém é descrita como tendo 12 portões, com os nomes das doze tribos, e 12 fundações, que têm on nome dos doze apóstolos (Apocalipse 21:12-14). O número 12 + 12 representa a totalidade do povo de Deus através da História.​​​​​

Todas as passagens Bíblicas incluídas nesse texto de hoje, nos dizem que o normal não é que as pessoas vão para o céu quando elas morrem. De fato, todos esses cativos, assim como Moisés, foram ressuscitados primeiro antes de serem levados. E é isso que vai acontecer no último dia também. Aqueles que morreram na fé de Jesus irão ser ressuscitados primeiro (1 Tessalonicenses 4:16). Vez após vez, vemos que essas pessoas que morreram na Terra e que foram levadas ao Céu, sempre, sem exceção, passaram pelo processo de ressurreição primeiro - inclusive Jesus. Não podemos descartar a possibilidade de o grupo de 24 anciãos ser formado por essas pessoas mencionadas na Bíblia. Pelas pessoas que foram levadas sem terem passado pela morte, e também por aqueles que foram ressuscitados e então levados. Eles são os perfeitos representantes do povo de Deus, que irá se unir a eles no último dia: “[…] e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre.” (1 Tessalonicenses 4:16-17). ​

Visão Geral

Os primeiros quatro versos no capítulo 4 apresentam dois temas principais, que vão aparecer várias vezes nos próximos capítulos: trono de Deus, e 24 anciãos. O trono, no entanto, é o foco central. Tudo é descrito usando o trono como ponto de referência (sobre o trono, ao redor do trono, do trono, diante do trono, em meio ao trono). João descreve o trono como sendo algo espetacular, e ele usa, em sua descrição, algumas pedras preciosas da vestimenta do Sumo Sacerdote do Antigo Testamento. A aliança inquebrável de Deus também está presente, e representa Sua misericórdia e glória infalível. A palavra de Deus é verdadeira, e confiável. Dele são a primeira e a última palavra. A descrição do trono do Pai nos faz lembrar dos atributos usados para descrever Cristo. O trono de Deus é uma referência direta ao próprio Pai, e sua unidade com o Filho. O paralelismo com o Santuário do Antigo Testamento é bastante evidente, e isso indica claramente onde João se encontra em visão. O Santuário na Terra era apenas uma cópia (ou sombra) do que está no Céu (Hebreus 8:2; 8:5). Agora que situamos onde a visão está acontecendo, podemos esperar encontrar mais coisas que existiam no Santuário Terrestre. E realmente encontramos: 24 anciãos que servem como sacerdotes - eles carregam taças cheias de incenso que são as orações dos santos (Apocalipse 5:8). Esses sacerdotes representam os remidos de Deus.

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