12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreva: Estas são as palavras daquele que tem a espada afiada de dois gumes.
13 Sei onde você vive, onde está o trono de Satanás. Contudo, você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim, nem mesmo quando Antipas, minha fiel testemunha, foi morto nessa cidade, onde Satanás habita.
14 No entanto, tenho contra você algumas coisas: você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual.
15 De igual modo você tem também os que se apegam aos ensinos dos nicolaítas.
16 Portanto, arrependa-se! Se não, virei em breve até você e lutarei contra eles com a espada da minha boca.
17 Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome nela inscrito, conhecido apenas por aquele que o recebe.
Traçando Conexões
No último estudo, vimos que a igreja em Esmirna era uma boa igreja, mas enfrentava pobreza, perseguição e intensas pressões da sociedade pagã ao seu redor. Curiosamente, quanto mais a igreja era pressionada, mais sua essência espiritual se destacava. A mensagem de Jesus, embora falasse de perseguição e morte, era uma mensagem de esperança e força, prometendo a coroa da vida eterna àqueles que perseverassem. Enquanto a perseguição acontecia por toda a Ásia, a situação na próxima igreja era agravada por uma questão que ameaçava gravemente a saúde espiritual de seus membros: a tentação de fazer pequenos ajustes na Verdade para se adequar melhor às visões predominantes de sua sociedade.
Hoje começaremos examinando a terceira das sete igrejas, Pérgamo. Este será também um estudo em duas partes, com a Parte 1 nos situando em relação às visões culturais, políticas e bíblicas da cidade e da igreja local. A Parte 2 analisará os detalhes da carta formatada e a aplicação profética da mensagem.
Parte 1 Parte 2
PARTE 1
Visão Detalhada
*** História ***: As ruínas de Pérgamo estão ao noroeste da moderna cidade de Bergama, Turquia, e cerca de 64.4 km ao nordeste de Esmirna. Pérgamo (ou Pérgamos) foi construída em um planalto. Uma verdadeira cidadela. Documentos antigos já mencionam a cidade como existindo no ano 399 AC. Depois de 188 AC, a cidade ganhou mais poder e importância, e se expandiu bastante com a construção de uma grande muralha, de mais ou menos 4 km. Sob domínio romano, Pérgamo foi por um pouco de tempo a capital da Ásia, que depois foi transferida para Éfeso. Pérgamo recebeu o título de metrópole, e então viveu um programa de construção bem imponente, e novos prédios públicos foram surgindo com força total. Pérgamo tinha múltiplos templos pagãos, um estádio, um fórum grande, um teatro, um anfiteatro, casas de banho, e um centro de saúde (o santuário de Asclépio). Tinha também ali a segunda maior biblioteca do mundo antigo, com cerca de 200.000 volumes, perdendo apenas para a Biblioteca de Alexandria, no Egito. Pérgamo era o centro intelectual da Ásia. No seu auge, sob domínio romano, chegou a ter cerca de 200.000 habitantes.
Talvez a figura pública de mais destaque, nascida em Pérgamo, seja Galeno, que é considerado um dos médicos mais famosos da antiguidade. Ele recebeu seus primeiros treinamentos no santuário de Asclépio. O santuário de Asclépio (ou Esculápio) era um templo de tratamento em honra do deus da cura, Asclépio, onde pessoas vinham em busca de cura física e espiritual. O símbolo desse deus era uma cobra enrolada em volta de uma vara, símbolo que é usado até hoje pela profissão médica. Era uma prática comum no santuário de Asclépio que cobras não venenosas ficassem rastejando pelos quartos onde os pacientes dormiam.
O santuário de Asclépio não era o único templo pagão em Pérgamo. As pessoas podiam escolher ir para o templo de Atena, Dionísio, Trajano, Heron, Deméter, Hera, Isis, e Zeus. Ambos, Zeus e Asclépio, eram conhecidos com o “salvador”. O altar de Zeus se encontrava num monte acima da cidade, na parte mais alta da Acrópole, e se parecia com um trono muito grande. Media cerca de 36.4 m x 32.2 m x 12.2 m, e parte dele se encontra atualmente em exposição no Museu de Pérgamo, em Berlim. Esse altar a Zeus, sem dúvida veio à mente dos primeiros cristãos quando leram que Jesus sabia que eles moravam onde estava o trono de Satanás (Apocalipse 2:13).
Pérgamo foi a primeira cidade a promover o culto aos imperadores romanos. Isso tornou a vida dos cristãos muito difícil, assim como acontecia em Esmirna. Os cidadãos eram anualmente obrigados a prestar homenagem ao imperador, dizendo “César é senhor”, e receber um certificado atestando sua lealdade a Roma. Se não cumprissem essa ordem, seriam perseguidos e mortos. Essa união entre o Estado (Império Romano) e a religião pagã era possivelmente mais forte em Pérgamo do que nas outras cidades da província da Ásia.
A cidade tinha um forte comércio de produção de pergaminho. A palavra pergaminho é derivada do nome 'Pérgamo'. Alguns pesquisadores dizem que o nome Pérgamo, que deu origem ao nome moderno Bergamo, significa “base alta” na língua Hitita. Isso faz sentido com o fato de que Pérgamo está no topo do monte. Existe também a proposta de que Pérgamo vem do grego Perga + Gamos, que significa terroso + casamento. Sob essa interpretação, a parte “Perga” ou “terroso” se refere provavelmente à localização alta da cidade.
*** Visão Bíblica ***: A igreja em Pérgamo é mencionada somente no livro de Apocalipse. Da mesma maneira que a igreja em Éfeso, a igreja em Pérgamo enfrentou aquelas pessoas dentro da igreja que estavam pregando doutrinas falsas que corrompiam a verdade básica do Evangelho. Éfeso rejeitou essas falsas doutrinas, e a maioria da igreja permaneceu firme na verdade. Baseado no que Jesus escreveu para a igreja em Esmirna, podemos inferir que ela também rejeitou esses ensinamentos falsos, já que Jesus disse à igreja que permanecesse fiel. A perseguição à igreja em Pérgamo era tão real quanto às outras igrejas na Ásia. Mas aqui na igreja em Pérgamo, temos um problema novo. Esse problema parece ser tão sério, e tão mais severo do que nas duas primeiras igrejas, que na carta, Jesus passa um bom tempo falando sobre as pessoas que estão seguindo os ensinos de Balaão e as que estão seguindo os ensinos dos Nicolaítas.
Como vimos no estudo #13, tanto os Nicolaítas quanto os seguidores de Balaão ensinavam que não havia nenhum problema em modificar a doutrina verdadeira para justificar a participação e envolvimento com os costumes pagãos da época, e assim evitar perseguição, morte, e pobreza. A maioria dos membros da igreja em Pérgamo parecia ainda estar se apegando à verdadeira doutrina (Apocalipse 2:13). Mas, o crescimento dos que pregavam a mensagem alterada havia se tornado muito preocupante (Apocalipse 2:14-15). Isso mostra o começo da divisão na igreja. De um lado, aqueles como Antipas, o mártir fiel. E no outro, aqueles que seguiam as ideias atrativas da verdade adaptada.
2 pedro 2:12-22 nos adverte sobre os falsos profetas:
"12 Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção! 13 Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram. Consideram prazer entregar-se à devassidão em plena luz do dia. São nódoas e manchas, regalando-se em seus prazeres, quando participam das festas de vocês. 14 Tendo os olhos cheios de adultério, nunca param de pecar, iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância. Malditos! 15 Eles abandonaram o caminho reto e se desviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o salário da injustiça, 16 mas em sua transgressão foi repreendido por uma jumenta, um animal mudo, que falou com voz humana e refreou a insensatez do profeta.
17 Esses homens são fontes sem água e névoas impelidas pela tempestade. A escuridão das trevas lhes está reservada, 18 pois eles, com palavras de vaidosa arrogância e provocando os desejos libertinos da carne, seduzem os que estão quase conseguindo fugir daqueles que vivem no erro. 19 Prometendo-lhes liberdade, eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é escravo daquilo que o domina. 20 Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se novamente nelas enredados e por elas dominados, estão em pior estado do que no princípio. 21 Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de o terem conhecido, voltarem as costas para o santo mandamento que lhes foi transmitido. 22 Confirma-se neles que é verdadeiro o provérbio: "O cão voltou ao seu vômito" e ainda: "A porca lavada voltou a revolver-se na lama".
Note que em 2 Pedro 2:15, o texto diz que os falsos profetas estão indo na direção oposta de Deus, e seguindo as pegadas de Balaão. 2 Pedro 2:13 deixa claro que esses falsos profetas surgem de dentro da igreja, pois diz que eles eram “nódoas e manchas” enquanto participavam nas festas da igreja. 2 Pedro 2:14 diz que os falsos profetas “iludem os instáveis” ao pecado. Agora podemos ver porque Jesus dizia às igrejas que “permanecessem na fé” e que “retornassem ao primeiro amor”. Ele quer que as pessoas estejam estáveis na verdade de Deus.
Visão Geral
A igreja em Pérgamo fica situada em um lugar muito perigoso. Bem onde está o trono de Satanás (Apocalipse 2:13). As inúmeras opções no culto pagão são tremendas. A conexão (ou 'casamento', para combinar com um dos significados da palavra Pérgamo) entre o domínio romano e o culto pagão é tão forte que permanecer fiel à pura verdade do Evangelho havia se tornado um desafio muito grande. A tentação de seguir o estilo de vida aparentemente bem mais conveniente e seguro, onde se podia ter uma leve conformidade com alguns dos comportamentos pagãos, era uma maneira muito atrativa para evitar perseguição e morte. Mas, como a Bíblia diz, esse era um estilo de vida de sedução, de ilusão, e de engano (2 Pedro 2:18). Os falsos profetas que estavam causando divisão na igreja de Pérgamo estavam, no entanto, à beira da guerra com a espada da boca de Jesus (Apocalipse 2:16). Sua espada é Sua Palavra (Hebreus 4:12). E da mesma maneira que foi no início, a guerra em que nos encontramos hoje, a guerra que começou no Céu (Apocalipse 12:7), é a palavra falsa de Satanás contra a Palavra verdadeira de Deus. Não é de se surpreender, que na cidade onde se encontra o trono de Satanás, Jesus vem para a igreja levando sua poderosa espada da verdade. A verdade de Deus é o que nos mantêm estáveis, e firmes no caminho certo da liberdade e justiça.
Esse texto tem um post correspondente no Facebook. Se você gostou, deixe lá o seu Like, comentário, e não se esqueça de compartilhar com seus amigos.
Post do Estudo no Facebook
Posts Recentes no Facebook
Atribuição: Imagem do Altar de Pérgamo no Museu de Pérgamo em Berlim, por © Raimond Spekking, veja o original aqui. A imagem nessa página foi ajustada para caber no design do nosso website.