26. Igreja em Laodiceia, chegando no fundo do poço * Apocalipse 3:14-22, Parte 1

Pra sair do beco sem saída, abra a porta
14 de agosto de 2016 por
Hello Bible

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14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreva: Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus.

15 Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente!

16 Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.

17 Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu.

18 Dou-lhe este aconselho: Compre de mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar.

19 Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se.

20 Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.

21 Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono.

23 Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.

(NVI)
Revelation 3:14-16, Revelation 3:17-18, Revelation 3:19-20, Revelation 3:21-22 (NASB)
Apocalipse 3:14-16, Apocalipse 3:17-18, Apocalipse 3:19-20, Apocalipse 3:21-22 (ARC)


Traçando Conexões

Em nossos estudos das igrejas anteriores, vimos como forças malignas tentaram abalar a verdade da igreja de Deus. Apesar de os fiéis em Filadélfia terem sido reduzidos a um pequeno e fraco grupo, o tamanho nunca foi um problema para Deus. Como Davi derrubando um gigante, o remanescente em Filadélfia aproveitou a porta aberta para a verdade e a usou de maneira eficaz, o que agradou a Deus. Agora, nesta próxima igreja, a situação da porta é completamente oposta— a congregação se encontra atrás de uma porta fechada. Por que eles se trancaram lá dentro?

Esta é a última das sete igrejas: Laodicéia. Como temos feito até agora, dividiremos este estudo em 2 partes. Na Parte 1, analisaremos um pouco da História da cidade, seu contexto social e econômico, e a visão bíblica da situação em que a igreja se encontrava. Na Parte 2, abordaremos os detalhes da carta formatada e sua aplicação profética.

Parte 1     Parte 2

PARTE 1

Visão Detalhada

*** História ***: Laodiceia estava localizada a um pouco mais de 72 km ao sudoeste de Filadélfia, e a um pouco mais de 64 km a leste de Éfeso (algumas fontes falam em 160 km). Ela ficava bem perto de Colosso, a cerca de 16 km de distância. Hoje, as ruínas ficam próximas à vila de Eskihisar, no distrito de Denizli, na Turquia. Ela teve alguns outros nomes antes de ter o nome mudado para Laodiceia durante o reinado de Antíoco II Teos (261-243 AC). Ele mudou o nome em homenagem a sua esposa Laodice. O significado do nome Laodiceia vem do Grego 'laos' (povo) e 'dike' (justo, direito, relacionado a julgamento). Em 188 AC, a cidade foi dominada pelo rei de Pérgamo, e em 133 AC, passou para os Romanos. Sob o regime do Império Romano, a cidade floresceu e se tornou um dos centros comerciais mais importantes da Ásia Menor. Ela estava estrategicamente localizada na rota comercial. Laodiceia recebeu de Roma o título de Cidade Livre. Durante o reino de Antíoco III o Grande (222-187 AC), cerca de 2.000 famílias judias foram transportadas de Babilônia para a Frígia. E por isso, muitos dos habitantes em Laodiceia eram Judeus. Acredita-se que os Judeus costumavam mandar ouro anualmente de Laodiceia para o templo em Jerusalém.

A cidade era muito bonita, e até hoje, as ruínas refletem uma cidade vibrante da antiguidade. Laodiceia tinha um estádio, ginásio, teatros, casas de banho, senado (bouleuterion), templos, e um sarcófago. Sua riqueza contribuiu para o avanço da ciência e literatura. Laodiceia era também famosa pela sua escola de medicina, especialmente porque oferecia tratamento para problemas dos olhos, através do colírio que era preparado ali. Laodiceia era também conhecida pela manufatura de lã preta, e também por suas instituições financeiras. Já existia um sistema bancário naquele tempo! A cidade era tão rica, que ela cunhava a própria moeda. A inscrição nessas moedas nos diz que o povo em Laodicéia adorava Zeus, Aclépio, Apolo, e os imperadores. No ano 60 DC, houve um grande terremoto que destruiu a cidade. Os cidadãos recusaram os fundos enviados pelo Império para a restauração, e decidiram pagar a reconstrução, do próprio bolso. Eles sentiam que não precisavam de nenhuma ajuda externa.

Aqueduto

Ruinas de uma torre de aqueduto em Laodiceia
Attribution: Rjdeadly, CC BY-SA 4.0, original aqui


Possivelmente uma das coisas mais interessantes sobre Laodiceia, era o sistema de aquedutos da cidade. A água vinha de Hierápolis, de uma fonte de água quente na região. Criaram um jeito engenhoso de transportar a água quente até alguns tanques, para dali fazerem a distribuição pela cidade. Esse processo tinha dois problemas. Primeiro, a água era rica em minérios, e segundo, a água tinha que ser transportada por pelo menos 9,5 km. Quando a água chegava em Laodiceia, já não estava mais quente. Também não estava totalmente fria. A água chegava morna. Essa água tépida era boa para tomar banho, mas não servia para consumo humano. Ela não era fresca o bastante para beber, e não era quente o suficiente para uso medicinal.

*** Visão Bíblica ***: Laodiceia não somente é mencionada em Apocalipse, mas também é mencionada quatro vezes no livro de Colossenses (Colossenses 2:1; Colossenses 4:13; e Colossenses 4:15-16). Na carta de Paulo para a igreja de Colosso, ele expressou sua preocupação com a igreja ali, e também com a de Laodiceia. Ele se importava profundamente com as igrejas vizinhas de Laodicéia, Hierápolis, e Colosso. Paulo menciona uma carta à Laodiceia que nós não temos hoje, e encorajou tanto os colossenses quanto aos laodicenses, a lerem as epístolas uma da outra (Colossenses 4:16). ​​ ​ 

O começo da carta aos Colossenses nos lembra o começo da carta a Laodiceia em Apocalipse: “Ele [Jesus] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. […] Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.” (Colossenses 1:15-20

Na carta aos Colossenses, Paulo diz que Jesus é o centro de todas as coisas criadas. Tudo foi criado por Ele e para Ele, não somente na Terra, como também no Céu. Esse texto deixa claro que os seres humanos não estão no mesmo patamar que Jesus e o Pai. Nosso próprio estado de seres criados não pode nem ser comparado à perfeita junção e unidade que Jesus, sendo Deus, tem com o Pai.

Laodiceia tinha um problema muito sério de acordo com a avaliação de Jesus: os membros da igreja não sentiam necessidade de nada (Apocalipse 3:17). Eles eram autossuficientes. Esse modo de pensar carrega em si um obstáculo muito grande. É muito mais difícil fazer com que as pessoas compreendam a necessidade de ter um Salvador, quando elas não precisam de nada além delas mesmas e de suas posses. Os membros estavam procurando preencher suas necessidades físicas e materiais sem incluir Jesus. Era como se eles merecessem bênçãos materiais baseadas em seus próprios méritos ou tamanho da sua contribuição monetária. O “Eu”, e o “Meu” haviam se tornado o centro de tudo, e Cristo foi colocado para fora da cena. Como lemos em Apocalipse 3:20, Jesus estava do lado de fora, batendo a uma porta fechada. Mais uma vez, vemos o problema do “Próprio Eu”, que não para de crescer. A primeira igreja, em Éfeso, havia começado a perder o amor a Deus. Em cada uma das cinco “não tão boas igrejas”, o amor ao Próprio Eu começou a crescer mais e mais. O problema se tornou tão sério na igreja em Sardes, que ela se tornou uma igreja morta. Laodicéia, então, conseguiu bater o recorde, e se tornou ainda pior do que a igreja morta. E mesmo assim, não estava ciente de sua própria condição.

Podemos ver que a atitude dessa igreja era exatamente o oposto do que João Batista havia pregado: “É necessário que Ele cresça e eu diminua.” (João 3:30). Laodiceia havia trocado o Evangelho centralizado em Cristo por uma mensagem focalizada no Próprio Eu. A necessidade egoísta de “crescer” tende a se fortalecer com o tempo. A elevação do Próprio Eu ao status de divindade é o conceito demoníaco mais antigo que existe. Funcionou com a Eva. Ela foi tentada com a ideia de que ela seria como Deus, se ela comesse da fruta proibida (Gênesis 3:5). ​

Na verdade, nem mesmo no último dia, quando formos transformados em seres perfeitos, seremos como Deus. A igreja de Laodiceia estava se concentrando nas coisas materiais, enquanto empurrava Jesus pela porta afora. Eles estavam se sentindo no direito de se colocarem no mesmo nível que Deus, baseados no seu próprio mérito. Eles tinham seu próprio ouro, suas próprias vestes, seu próprio colírio. Todos estes eram símbolos falsificados de um relacionamento com Cristo. Não importa quão bons nós somos, Jesus é o único que pode nos salvar da nossa própria miséria, nudez, e cegueira. E a essa igreja, Jesus oferece a maior bênção de todas. Essa bênção surpreendente não parece combinar com o estado lamentável da igreja. Sentar no trono de Deus é um privilégio que vai além da imaginação de qualquer um. Jesus não está pedindo que nos tornemos um deus para que possamos merecer essa honra incomparável. Ele apenas nos pede que deixemos que Ele entre em nossa vida. A verdade é que nós não merecemos nada além da morte. Mas, através do sangue de Jesus, somos feitos dignos de nos assentarmos com Ele.

Visão Geral

A igreja em Laodiceia é uma igreja terrível. É egocêntrica, egoísta, e materialista. Mas aquele que vence essa miserável condição de mornidão irá receber uma bênção além de qualquer medida. Esse ato de arrependimento parece quase impossível de alcançar, principalmente porque a igreja não tem a menor ideia do quanto ela necessita espiritualmente. Somente pela graça de Jesus Cristo é que essa igreja pode vencer essa realidade adversa. Isso vai mostrar ao mundo claramente, que não há mérito nenhum no vencedor. Jamais poderia haver algum mérito no vencedor, baseado na descrição da igreja contida nessa carta. Nada que podemos fazer por nós mesmos pode mudar nossa natureza para que passemos a ser levemente semelhantes àquEle que é digno de se sentar no trono de Deus. Um caráter perfeito assim, somente pode ser desenvolvido através de um relacionamento diário com Cristo. Fé em nós mesmos, em nossa própria “justiça”, e em nosso conhecimento limitado, não chega nem aos pés dos presentes que Deus pode nos oferecer quando estamos conectados com Ele. As coisas que nós podemos trazer para esse relacionamento são como “trapos de imundície” (Isaías 64:6). “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:4-9). Para a igreja que atingiu o fundo do poço espiritual, Jesus prometeu a maior demonstração de graça e misericórdia. A igreja pode experimentar o poder transformador do Seu Amor. Aqueles que estiverem dispostos, serão elevados à maior posição do Universo. Eles se assentarão com o Pai, em Seu trono, não porque sejam como Deus, mas porque eles abriram seu coração para que Cristo pudesse entrar.​


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